sexta-feira, 1 de abril de 2011

A plenitude dos tempos





Gál 4:4 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei;
Mc 1:15 e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.


Judeus, gregos e romanos contribuíram para a preparação religiosa para a vinda de Cristo. Gregos e romanos ajudaram a levar o desenvolvimento histórico até o ponto em que Cristo pudesse exercer o impacto máximo sobre a história de uma forma até então impossível.

Contribuições políticas dos Romanos

Esse povo, seguidor do caminho da idolatria, dos cultos de mistérios e do culto ao Imperador, foi usado por Deus, quem ignoravam, para cumprir a sua vontade.
1. Os Romanos, como nenhum outro povo até então, desenvolveram um senso de unidade da espécie humana sob uma lei universal. Isso criou um ambiente favorável à aceitação do evangelho que proclamava a unidade da espécie humana, baseada no fato de que todos os homens estavam sob a pena do pecado e que a todos era oferecida a salvação que os integra num organismo universal, a Igreja, o Corpo de Cristo. Nem mesmo o Império de Alexandre, o Grande, tinha conseguido dar aos homens um sentido de unidade numa organização política. A lei romana, com sua ênfase na dignidade do indivíduo e no direito deste à justiça e à cidadania romana, alem de sua tendência a agrupar homens de raças diferentes numa só organização política, antecipou um Evangelho que proclamava a unidade da espécie, ao anunciar a pena do pecado e o Salvador do pecado. Paulo lembrou aos da Igreja filipense que eles eram membros de uma comunidade celestial. (Fl 3:20)
2. A movimentação livre em torno do mundo mediterrâneo teria sido muito difícil para os mensageiros do evangelho antes de Cesar Augusto (27 a.C a 14 a.C). A divisão do mundo antigo em grupos, cidades-estado ou tribos, pequenos e enciumados um do outro, impedia a circulação e propagação de idéias. Com o aumento do poderio imperial romano no período de expansão, ocorrem uma era pacifica nos países ao redor do Mediterrâneo. Isso contribuiu para os primeiros cristãos irem de um lugar para outro pregando o evangelho, também em razão do extermínio dos piratas e das construções de estradas.
3. As conquistas romanas levaram muitos povos a perder a fé em seus deuses, uma vez que eles não foram capazes de protegê-los dos romanos; Tais povos foram deixados num vácuo espiritual que não estava sendo satisfeito pelas religiões de então. As religiões da época apontavam para o sacrifício de alguém que os salvaria de sua condição excludente. Tudo isso redundou em facilidade para as pessoas aceitarem o cristianismo apresentado por Jesus e posteriormente pela Igreja Primitiva.

Contribuições intelectuais dos gregos

Embora importante para a preparação pra vinda de Cristo, a contribuição romana foi ofuscada pela mente grega.
Roma pode ser identificada com o ambiente político do Cristianismo, mas foi Atenas que ajudou a criar um ambiente intelectual propício à propagação do Evangelho. Os gregos conquistaram Roma culturalmente.

1. O Evangelho universal precisaria de uma língua universal para poder exercer um impacto real sobre o mundo. Estudos mostraram que o dialeto do homem comum daquela época era o grego KOINÉ, e foi através dele que os cristãos conseguiram se comunicar com os povos do mundo antigo, usando-o inclusive para escrever o Novo Testamento. Dae surge a questão: se na época usaram a língua mais popular para escreverem o Novo Testamento, então porque não fazer traduções com a chamada “linguagem de hoje”?!
2. A filosofia grega preparou o caminho para a vinda do Cristianismo destruindo as antigas religiões. Qualquer um que entrasse em contato com seus princpios, fosse grego ou romano, logo perceberia que sua disciplina intelectual havia tornado sua religião politeísta tão ininteligível, em termos racionais, que acabava por abandoná-la em favor da filosofia. Mas a filosofia não conseguia satisfazer as necessidades espirituais do homem, que se via obrigado então a tornar-se um cético ou a procurar conforto nas religiões de mistério do Império Romano. À época do advento de Cristo, a filosofia descera do ponto elevado que alcançara com Platão para um sistema de pensamento individualista egoísta, como é o caso do estoicismo e do Epicurismo. Além disso, a filosofia grega aspirava por Deus, fazendo dele uma abstração intelectual; ela jamais poderia revelar um Deus pessoal de amor. Esse fracasso da filosofia do tempo da vinda de Cristo tornou as mentes humanas prontas para entender uma apresentação mais espiritual da vida. Só o Cristianismo era capaz de preencher o vazio da vida espiritual de então.

2.1. A outra forma pela qual os grandes filósofos gregos ajudaram o Cristianismo está ligada ao fato de chamarem atenção dos gregos para uma realidade que transcendia o mundo temporal e visível em que viviam. Tanto Sócrates quanto Platão ensinaram, cinco séculos a.C, que este presente mundo temporal dos sentidos é apenas uma sombra do mundo real em que os ideais supremos são abstrações intelectuais como o BEM, a BELEZA e a VERDADE. Insistiam que a realidade não era temporal e material, mas espiritual e eterna. Sua busca da verdade NUNCA os levou a um Deus pessoal, mas mostrou o máximo que o homem consegue fazer buscando Deus através do INTELECTO.

2.2. O Cristianismo ofereceu aos que aceitavam a filosofia de Sócrates e Platão a REVELAÇÃO histórica do BEM, da BELEZA e da VERDADE na pessoa do DEUS-homem, Cristo.

2.3. A literatura e a história grega evidenciam claramente que os gregos estavam preocupados com os problemas do certo e do errado e com o futuro eterno do homem. Ésquilo (525-456 a.C) em sua peça AGAMENON, aproximou-se da afirmação bíblica : “ Estais certos de que o vosso pecado vos há de achar. (Nm 32:23), ao insistir que os problemas de AGAMENON era consequencias de seu mau procedimento. Os gregos entretanto, viam o pecado como um problema mecânico e contratual; não o viam como um problema pessoal que afrontava a Deus e prejudicava os homens.

2.4. À época da vinda de Cristo, os homens tinham compreendido finalmente a insuficiência da razão humana e do politeísmo. As filosofias individualistas de Epicuro e Zenão e as religiões de mistério atestam o desejo do homem de ter um RELACIONAMENTO MAIS PESSOAL COM DEUS. O CRISTIANISMO VEIO OFERECER ESSE RELACIONAMENTO PESSOAL ( na Pessoa de Jesus) e descobriu que a cultura grega, em função de sua própria inadequação, tinha produzido muitos corações famintos.

2.5. O povo grego também contribuiu no campo da religião para preparar o mundo a aceitar a nova religião cristã quando ela surgisse. O advento da filosofia grega materialista no sexto século a.C. destruiu a fé das pessoas no velho culto politeísta descrito na Íliada e na Odisséia de Homero.


É impressionante notar como os acontecimentos históricos e culturais, ocorridos até mesmo séculos antes do nascimento natural de Jesus, cooperou para o estabelecimento concreto do Cristianismo. Conhecendo um pouco da história do Cristianismo, percebo o quanto Deus é soberano. Os céticos leigos e “sabichões” que me desculpem, mas é preciso ser muito alienado ao ponto de negar os fatos ligados ao surgimento do cristianismo.

Esse texto foi extraído do livro "Uma história do Cristianismo"