quinta-feira, 5 de maio de 2011

Caverna de Adulão, nas madrugadas de terça-feira



Todos conhecem a história de Davi, quando se encontrou em momentos difíceis de sua vida. Já havia sido ungido rei por Samuel, mas Saul não parava de persegui-lo. Então confuso e com receio de ser capturado, Davi se esconde na Caverna de Adulão, e ali se encontra com homens amargurados, desesperançosos e sofridos pela vida, os quais depois se torna líder deles.

Na minha cidade, Macapá-AP, temos feito das praças uma caverna de Adulão temporária,toda madrugada de terça-feira, onde nos reunimos com pessoas nas mesmas condições que Davi e aqueles homens se encontravam. Na praça, de madrugada, conversamos e ouvimos histórias de homens que vivem nas ruas, homens usuários de crack ha mais de 10 anos. Homens que não tem apoio da família, que na verdade nunca tiveram uma família, e outros cuja família nem sabe que estão na rua. Homens que foram decepcionados pelas pessoas. Homens que foram traídos por suas esposas. Homens que foram excluídos da sociedade, não tendo lugar que os empregassem. Encontramos até pessoas com ensino superior, formados em teologia, mas que não tiveram oportunidade e foram parar nas ruas da cidade. Uma senhora chegou e me abraçou e disse: "pelo amor de Deus, me tira dessa vida. Eu não aguento mais." Outros dizem:"eu quero sair do vício, mas não sei o que fazer. Já tentei de tudo."

Apesar da realidade deles, Deus em Sua infinita bondade tem alcançado essas vidas. Com muito esforço e correria, temos lutado para ter dinheiro necessário para comprar o material para o sopão que distribuímos, e colocar gasolina no carro emprestado que os meninos da igreja conseguem.

Quero compartilhar com vocês o resultado deste trabalho que se iniciou em Março deste ano, quando Deus trouxe uma idéia na mente no líder de louvor da minha igreja e confirmou quando deu uma palavra à outro irmão, que se encontra em Gálatas 2:10.

Final de semana passado convidamos os meninos da rua para participarem de um encontro com Deus. Quatro deles foram. Nenhum tinha aceitado a Jesus até então. Havia um deles que durante as ministrações ficava reclamando, dizendo que tava demorando muito, e que ele tava cansado de ficar sentado. Não deixava os outros se concentrarem e não respeitava o pacto do silêncio. Teve uma hora que um irmão que estava trabalhando entrou no quarto deles, e mandou que este rapaz ficasse calado. Logo que chegou no quarto, ele pegou esse rapaz morador de rua falando o seguinte:" cara, se esse pastor vier com esse papo de aceitar Jesus eu to fora, esse negocio nao é pra mim.."

Na hora da ministração da cruz, o pastor fez o apelo e pediu que quem quisesse aceitar a Jesus levantasse sua mão. Surpresa!!Quem levantou?? O cara que dizia que não ia aceitar. Então o pastor pede que quem quisesse aceitar a Jesus desse uns passos a frente para que fizessem a oração. Quem foi o primeiro a estar lá??? Este mesmo cara. DEpois veio outro, e depois outro, e depois outro. Nesta noite os quatro moradores que foram ao Encontro fizeram sua decisão por Jesus. Que graça!!

No domingo, dia do correio, quando demos os presentes, não dava pra conter as lágrimas. Os caras se desmancharam em choro. Não foi algo escandaloso, mas choraram silenciosamente.Lágrimas escorriam e se misturavam com um sorriso de agradecimento à equipe que trabalhou. Esse rapaz que contei sua história não sabe ler. Um irmão leu as cartas para ele. Foi emocionante.

Mas nosso objetivo não era apenas levá-los ao encontro. Queríamos que Deus tocasse o coração deles para que não quisessem mais voltar pra rua. Havia um Centro de Recuperação esperando por eles. Não deu outra: todos toparam ir para o Centro. Mas no fim do culto de domingo apenas 3 deles realmente foram. E estão lá neste exato momento.Um outro quis voltar pra rua. Mas não vamos desistir dele.

Agora a prioridade é levantar recursos para ajudar o Centro de Recuperação que funciona a base de doação. O líder do Centro é um pastor, ex-usuário de droga, curado e liberto. O local é pequeno e comporta hoje aproximadamente 25 pessoas, 24 homens e 1 mulher. Na segunda-feira a tarde, dia 2 de maio, um grupo da minha igreja foi deixar os meninos la no Centro. Dormiram lá. Quando foi na terça, quando estavam no barco (para chegar lá uma das vias é pelo rio)esse rapaz que foi que contei a história, se despediu deles e disse: "Tchau, minha família." Deu um nó na garganta, afirma os meninos da minha igreja.

Então queridos leitores, quis compartilhar com vocês um pouco do que Deus está fazendo aqui no meu estado.
Ore por nós.
Ore para que Deus nos capacite a nos organizarmos e avançarmos no projeto de acolhimento desses moradores de rua.
Ore para que Deus nos dê provisão financeira para a gasolina e para comprarmos material para o sopão.

Que o amor de Deus nos confirme nessa caminhada.